RÉQUIEM PARA ORFEU
XXIII
Eu venho ouvir a música da treva
na cantiga feroz da trovoada.
Dancei com os mortos livres de Hiroshima
e nas cinzas do horror de Nagasaki
Trago nas mãos as convulsões da Europa,
soluços das Américas em pânico,
esqueletos da fome e dores da África,
para o banquete trágico dos deuses.
Agora, no balé dos bombardeios
por mísseis e canhões, abençoados
pela fúria incontida da avalanche
vinda do céu, do inferno e profundezas
que a briga entre as estrelas inventou,
eu vou dormir com a morte, ou Deus.
- Quem sabe?
Santo Souza - "Réquiem para Orfeu"
Gráfica Stylos, 1ª edição, Aracaju-Se, 2005.
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