Reflexões sobre poesia e ética
Konstantinos Kaváfis
Neste "opus"(Editora Ática, Tradução e apresentação de José Paulo Paes,São Paulo, 1998) podemos saborear um pouco da prosa de Kaváfis, um dos maiores poetas do século passado, bem como sua linha de pensamento e concepções estéticas. Indispensável a todo literato!
Excertos:
"Existem mesmo a Verdade e a Mentira? Ou existem apenas o Novo e o Velho, - sendo a Mentira simplesmente a velhice da verdade?"
"É preciso tempo para se descobrir os defeitos dos grandes poemas. O primeiro sentimento que eles inspiram, ao ser publicados, é a admiração, e enquanto tal admiração não se modifique ou desapareça, os críticos mais perspicazes não conseguem atinar com os defeitos. Isso advém da curiosa natureza do homem, o qual só alcança julgar quando deixa de admirar."
"Esta noite me veio a idéia de escrever sobre o meu amor. Entretanto, não vou fazê-lo. Que força tem o preconceito! Eu me libertei dele, mas fico a pensar nos ainda escravizados sob cujos olhos este papel pode eventualmente cair. E me contenho. Que pusilanimidade! Anoto aqui, porém, uma letra - T - como símbolo deste instante."
Neste "opus"(Editora Ática, Tradução e apresentação de José Paulo Paes,São Paulo, 1998) podemos saborear um pouco da prosa de Kaváfis, um dos maiores poetas do século passado, bem como sua linha de pensamento e concepções estéticas. Indispensável a todo literato!
Excertos:
"Existem mesmo a Verdade e a Mentira? Ou existem apenas o Novo e o Velho, - sendo a Mentira simplesmente a velhice da verdade?"
"É preciso tempo para se descobrir os defeitos dos grandes poemas. O primeiro sentimento que eles inspiram, ao ser publicados, é a admiração, e enquanto tal admiração não se modifique ou desapareça, os críticos mais perspicazes não conseguem atinar com os defeitos. Isso advém da curiosa natureza do homem, o qual só alcança julgar quando deixa de admirar."
"Esta noite me veio a idéia de escrever sobre o meu amor. Entretanto, não vou fazê-lo. Que força tem o preconceito! Eu me libertei dele, mas fico a pensar nos ainda escravizados sob cujos olhos este papel pode eventualmente cair. E me contenho. Que pusilanimidade! Anoto aqui, porém, uma letra - T - como símbolo deste instante."
1 Comments:
"O poete é um fingidor", já dizia Pessoa. É claro que o artista percorre sempre um caminho onde Verdade e Mentira (enquanto sonho, fantasia) se entrelaçam. Essa mentira, no entanto, nunca é maquiavélica, isto é, não está a serviço de uma estratégia de poder
(a não ser que consideremos o volátil poder dos valores estéticos como um poder a serviço de alguma forma de dominação). O artista mente, mas em nome do sonho.
Como poeta Kaváfis sabe disso, tanto que, mais adiante, em outro trecho de suas reflexões, descarta o frio racionalismo nicheano. Lembremos Albert Camus(em "O homeme revoltado": "'Nenhum artista tolera o real', diz Nietzsche. É verdade; mas nenhum artista pode prescindir do real. A criação é exigência de unidade e recusa do mundo. Mas ele recusa o mundo por causa daquilo que falta a ele [mundo] e em nome daquilo que, às vezes, ele é".
By Anônimo, at 25/3/06 14:05
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