Réquiem para Orfeu
XXXIV
A lira naufragou entre os escombros
do solfejo das ondas, e dos ventos
que estão viajando rumo a outros impérios,
que nos deixem plantar nossas estrelas
no azul do mar, na pétala das flores.
Esta lira já ouviu nênias choradas
sobre as pedras do chão que os ventos pisam,
sujando o ouro da luz que vem da aurora.
Já soluçou nas asas da falena
de asas partidas pela tempestade,
e nos restos de orvalho, ungindo as rosas.
Agora ela entregou-se às mãos de um deus
que tange e ensaia mágicos acordes,
lembrando Orfeu e a música dos mundos.
Santo Souza - "Réquiem para Orfeu"
Gráfica Stylos, 1ª edição, Aracaju-Se, 2005.